Sunday, August 27, 2006

O ciúme

Eu nunca planejei um tirano: vem ver esse jardim brilhoso que minhas brandas pretensões sufocam de tinos. (¡Verde verde que te quiero verde!) Pois eu sim disse, desde o fundo de uma garrafa de sangue rubro-denso e veloz servido em cálices, eu disse num brinde que preferia a gritaria do afogamento ao atordôo da boca seca, quieta. Mas súbito não foi o acreditar em ti que fez baixar minha maré de inconfidência: súbito foi o leito em que deitei para querer, a partir do próximo sonho, não ser nunca mais pelo menos esse pesadelo. Horizontal e reto como o fim do mar no contorno do céu e misturando azuis, repousei para aceitar uma metamorfose em outro tipo de bicho.

Um cavalo acordei e meus músculos em estréia retesaram-se, testando a nova forma. Era força, e coragem. Com os olhos sem fitar e plácidos, te investiguei de novo e eras teu próprio animal recusando-se a a ser chamado de moradia. Meu trote despertado quis levar-te para ver mundos mais longe e, sem encilhos nem esporas, acompanhamos ávidos o nascer de asas em nossos dorsos.

Pela vez mais vez, voamos juntos.

1 Comments:

Blogger sublime said...

Asas da auto-sabotagem

Talvez esteja sem asas
Não!
Certamente não estou...
Ou estou?
Sei que continuo em algum caminho...
Tortuosa procura
por outras
epifanias...
Não de falos ou borboletas
Apenas amenas
poesias...

Que difícil encontrá-las!
Devem estar sob minhas atuais
"mascáras"...
Encobertas pelo exílio
pré-anunciado pelo meu sonho:
Encontrei minhas asas
escondidas na carne
das costelas...
Num ímpeto absurdo
me vi com ciúmes do meu próprio corpo...
Ah, essa demente fuga
para o longínquo desencontro...

Senti que podia voar novamente...
porém
dessa vez sabia:
Essa viagem
era apenas um começar
na fantasia...
As asas reais que possuía
estavam destruídas por minha
própria covardia...

9:22 PM  

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